BR > Os frutos do “livre” comércio // FR > Fruits amers de la « banane dollar » équatorienne

Publié le par R.B

http://diplo.uol.com.br/2006-05,a1312               http://www.monde-diplomatique.fr/2006/05/REVELLI/13417

 


digite seu endereço internet e receba nosso boletim
 
 


Em breve, edição brasileira nas bancas



A disputa pelo ouro azul
Índice | Comprar

Edições anteriores

Alca: o jogo duro do império
Índice | Comprar

Que outro mundo é possível?
Índice | Comprar

 

maio 2006


BANANAS
Os frutos do “livre” comércio
Graças às regras da OMC, o Equador atende 25% do mercado mundial da fruta. Transnacionais e oligarcas controlam a produção, humilham trabalhadores e envenenam a natureza

 

Phillippe Revelli

 

Entre Santo Domingo e Machala, sobre as terras férteis situadas ao pé dos Andes equatorianos, os bananais se estendem ao longo dos dois lados da estrada. À entrada de cada plantação, há um cartaz com o nome da hacienda – “Maria Elisa”, “La Julia”, “Norma Gisela” – e uma guarita, onde se encontra um guarda armado. De quando em quando, um aviãozinho rasante solta uma nuvem branca de pesticidas...

O Equador vem exportando, nos últimos cinco anos, uma média anual de 4,3 milhões de toneladas de bananas, o que faz do país um dos primeiros exportadores da fruta, responsável por 25% do mercado mundial. A bananicultura equatoriana ocupa 180 mil hectares e gera 250 mil empregos (os quais, levando-se em conta os empregos indiretos, representam 14% da população ativa). A situação equatoriana difere da que predomina em outros países produtores de bananas-dólar [1]: nestes outros, as três grandes multinacionais líeres do setor, a Dole, a Chiquita Brands e a Del Monte, possuem suas próprias culturas, enquanto no Equador a produção bananeira é provida por cerca de 6 mil produtores nacionais.

A Dole, líder mundial da agroindústria, contratou grande número destes produtores, e assegura cerca de um quarto das exportações de bananas do país [2]. Bem menos todavia que a companhia Bananera Noboa, que, sob a marca Bonita, é responsável por quase metade das exportações equatorianas de bananas. A companhia, cujo proprietário éAlvaro Noboa - uma das maiores fortunas da América Latina e candidato à presidêcia do Equador -, é o terror dos pequenos e médios produtores: “São bandidos!”, afirma Gustavo Pesantez, presidente da Associação dos Produtores de Bananas de Los Rios (Aproban). “Para nos forçar a vender-lhes nossa produção, moveram processos contra 900 produtores, ameaçando tomar suas terras”.

Precariedade e exploração

Com a palavra, Enrique Feijoo, proprietário de uma plantação de trinta hectares, também sofrendo um processo por parte da Bananera Noboa: “O contrato assinado com Noboa estipulava que eu vendesse a caixa de bananas pelo preço oficial, 3,20 dólares. Na prática, o pagamento era efetuado em espécie, numa agência do Banco del Litoral [de propriedade do grupo Noboa]. Exigia-se então, sem qualquer justificativa, que eu revertesse U$ 0,8 por caixa vendida ao banco, podendo Noboa romper o contrato a qualquer momento. Todavia, quem não quer mais o contrato de venda sou eu... E é por isso que Noboa está me processando!” Além de ter sido condenada inúmeras vezes por evasão fiscal e por infrações à legislação comercial, a Bananera Noboa se destaca dos demais exportadores pela brutalidade com que procede. É verdade que a grande maioria destes se opõe à regulação do setor, assim como impõem preços ridiculamente baixos aos produtores, deixando-lhes a tarefa de gerir os conflitos sociais decorrentes dos salários miseráveis, e das péssimas condições de trabalho vigentes nas plantações.

É quase meio-dia, hora de almoço dos colhedores de banana, na Hacienda Ipanema, em Los Rios. Faz um calor causticante. “As jornadas de trabalho se prolongam até que o carregamento tenha partido, explica um dos trabalhadores, ou seja, para além das doze horas. Os salários variam de 30 a 70 dólares por semana segundo o cargo ocupado [3]. Roupas e ferramentas de trabalho não são fornecidos pela empresa. Além disso, os trabalhadores têm de arcar com as despesas de transporte. É nesta situação que se encontra a maior parte das plantações. Horas extras raramente são pagas. Ademais, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores Agroindustriais, Camponeses e Indígenas Livres do Equador (Fenacle), única organização sindical presente no setor, 90% das empresas não inscrevem seus trabalhadores na Previdêcia Social. As contribuições à Previdêcia são descontadas dos salários para nunca serem revertidas aos trabalhadores.

Sanções arbitrárias, multas e demissões injustificadas são freqüentes. O recurso à terceirização agrava ainda mais a situação dos trabalhadores. “A cada mês, um agricultor pode ser provisoriamente contratado por uma prestadora de serviço diferente, ainda que seja mantido numa única hacienda. Esta medida visa impedir a aquisição de direitos por tempo de serviço”, explica um operário que passou por diversos empregadores.

Trabalho infantil

A exposição dos agricultores aos produtos químicos massivamente empregados é também objeto de denúncia recorrente: “Substâncias tóxicas são utilizadas sem proteção adequada. Além disso, durante toda a minha carreira, conheci apenas uma empresa que retira os trabalhadores da plantação durante as fumigações aéreas”, relata Alfredo Rosalbal, da El Zapote, companhia bananeira de pequeno porte.

Em 2002, reagindo a um relatório da ONG humanitária Human Rights Watch (HRW) [4], o congresso norte-americano pretendia, a partir da erradicação do trabalho infantil nas plantações de bananeiras, abrir negociações sobre o Tratado de Livre Comércio (TLC) —cuja assinatura, sem outra forma de processo, provoca fortes mobilizações populares. Todavia, enquanto a HRW estima que pouco mudou, Eduardo Ledesma, diretor da Associação dos Exportadores de Bananas do Equador (AEBE) protesta: afinal, não é a própria lei equatoriana que permite o trabalho de menores de idade a partir dos 15 anos?

A AEBE reuniu no Hotel Sheraton de Guayaquil, em 22 e 23 de janeiro deste ano, a nata dos exportadores e produtores de bananas, para debater os “novos desafios do mercado bananeiro”. Entre duas mesas redondas dedicadas à análise dos mercados e à produtividade do setor, uma manhã foi dedicada às “conquistas sociais da agroindústria bananeira”. Os resultados são celebrados pelos representantes dos principais produtores: “Três postos de saúde e uma unidade médica móvel atendem gratuitamente os empregados da companhia”, anuncia a assessora de imprensa da Dole. “Criamos dez escolas, e nossa fundação mantém outras vinte, apesar da oposição do sindicato dos professores, que denunciava uma privatização da educação”, vangloria-se o porta-voz da Reybanpac. Alexandra Moncada, por sua vez, representante do Projet Soy [5], louva com entusiasmo os avanços em prol da erradicação do trabalho infantil.

Degradação ambiental

Destoando dos demais, Joaquin Orrantia, representante dos produtores locais, reconhece com uma franqueza brutal o impacto negativo da monocultura bananeira sobre o meio-ambiente, que acelera a erosão e degradação dos solos, assim como a poluição gerada pelos produtos químicos utilizados. Todavia, defende os produtores, responsabilizando os exportadores pelos preços que impõem, insuficientes para a implementação das medidas ambientais necessárias. Mesmo assim, a mesa redonda é concluída num tom otimista, com Eduardo Ledesma apresentando os projetos sociais da AEBE. E anuncia que a organização patronal pretende criar um campeonato de futebol das empresas bananeiras! Quanto aos salários, sublinha-se que qualquer aumento prejudicaria a competitividade. É óbvio que a palavra não foi cedida a nenhum representante dos trabalhadores. De todo modo, a AEBE tem como certo de que as “reivindicações extremistas” por parte dos sindicatos levariam à “desaparição da empresa”.

Na hacienda Josefa, os “extremistas” da Fenacle se mostram todavia bastante moderados, limitando-se a exigir a aplicação do código trabalhista: pagamento dos encargos sociais e o direito assegurado de organizar-se sindicalmente. O que, no entender de seu proprietário, é conceder demais. Subordinado à Dole, segue a orientação de um de seus técnicos, demitindo em janeiro dez operários, dentre os quais quatro são dirigentes sindicais. Uma vez votada a greve, 85 assalariados ocupam o depósito de condicionamento de bananas durante quase um mês. Em 11 de fevereiro de 2006, a polícia intervém para expulsar os grevistas. Os grevistas pedem então para ver a ordem de expulsão, o que foi recusado. Na verdade, a intervenção policial não foi determinada pela Justiça. Ao contrário, tratava-se de uma medida ilegal. A decisão foi tomada para agradar a um proprietário que saberá, no momento oportuno, expressar sua gratidão [6].

Não houve confronto e os trabalhadores aceitaram retirar-se calmamente. Não é sempre assim. “Em 2002, durante o conflito de Los Alamos”, recorda Guillermo Touma, presidente da Fenacle, “a intervenção policial, apoiada por 200 pistoleiros contratados por Noboa, foi de extrema violência, resultando em uma morte e vários feridos, dentre os quais um trabalhador que teve que amputar uma perna”. Este conflito sangrento, que marcou a ressurreição do movimento sindical nos bananeirais, gerou alguns frutos. As principais companhias (Noboa, Dole, Reybanpac) tiveram que regularizar a situação trabalhista de seus empregados permanentes. “Nós estamos hoje organizados em 22 plantações, dentre as quais sete dispõem de uma seção sindical legalmente registrada”, ressalta Touma.

Choques disseminados

Mesmo assim, há meios de se evitar a concessão dos direitos trabalhistas e a constituição de frentes sindicais. O recurso a contratações temporárias por empresas de prestação de serviços é mais e mais comum. O código de trabalho equatoriano estipula um mínimo de 30 afiliados para o estabelecimento de um sindicato de empresa. A contratação intermediada por inúmeras prestadoras de serviços evita que se atinja esta cota. “Trata-se, na maioria das vezes, de empresas-fantasma, reunidas num mesmo escritório, com o mesmo número de telefone. Se você telefonar para qualquer uma delas, a resposta será: Bananera Noboa, bom dia [7].

Apesar da adoção de estratégias de combate ao sindicalismo por parte do patronato, os conflitos se multiplicam nas plantações. Ocorreram em diversas haciendas. Porém, estes conflitos acontecem isoladamente uns dos outros. A Fenacle, por sua vez, opta por negociar cada convulsão em particular, evitando assim que o movimento se alastre e radicalize. A Fenacle não aposta nas forças locais, mas espera muitos resultados decorrentes de apoios internacionais: “Quando dos acontecimentos de Los Alamos, as denúncias de organizações como a Coordenação dos Sindicatos Bananeiros da América Latina [Colsiba], a Organização Regional Interamericana dos Trabalhadores [CIOSL/ORIT], a US-LEAP ou a Banana Link [8] deram a este conflito uma repercussão internacional” Estima Touma que as campanhas de informação sobre as atividades de multinacionais como a Chiquita ou a Dole “constituem um apoio inestimável a nossas lutas”.

Na Europa, uma taxa única de 176 dólares por tonelada substitui, desde janeiro, o antigo sistema de cotas e certificados que visava regular o acesso das bananas ao mercado comum europeu. “O mais provável é que a nova regulamentação européia acabe prejudicando ainda mais os salários praticados na indústria bananeira. Dever-se-ia, outrossim, pressionar as grandes multinacionais agroindustriais e supermercados europeus e norte-americanos: em última instância, são estes que determinam as condições de trabalho impostas aos assalariados da indústria bananeira”, explica Maude Feral, da organização não-governamental Povo Solidário.

Tradução: Julien Bonnin julienbonnin@gmail.com



[1] Nome dado às bananas exportadas pelos países da América do Sul e América Central.

[2] Depois de 2002, a Dole adquiriu vinte plantações no Equador.

[3] Os salários correspondem de 1,5% a 2% do preço da banana-dólar vendida em um supermercado europeu; a parte do produtor representa 10% a 15%; e o supermercado embolsa 40% do preço da fruta

[4] www.hrw.org/reports/2002/ecuador

[5] O projeto Soy, “de apoio à nossa juventude”, é sustentado pelas organizações não-governamentais Care, Save the Children, Children’s Relief Services, bem como pela Conferência Episcopal Equatoriana e a sociedade Reybanpac. É também generosamente financiado pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos (United States Department of Labor). Buscando apresentar um perfil aceitável para o Congresso dos Estados Unidos, os exportadores de banana adotaram, depois de 2002, um certo número de medidas essenciais.

[6] O autor deste artigo estava presente no local no momento da intervenção da polícia. Testemunha incômoda, sem dúvida, é interrogado e detido durante 48 horas.

[7] Um relatório recente do Ministério do Trabalho estima em 4.264 as empresas de prestação de serviços, dos quais apenas 920 são registrados legalmente.

[8] www.colsiba.org ; www.usleap.org ; www.bananalink.org.uk


Fórum

Leia os comentários sobre este texto / Comente você também

Leia mais sobre

Nesta edição

Veja também

 
 
 
 

 

Quand le malheur des uns fait... le malheur des autres

Fruits amers de la « banane dollar » équatorienne


Vous appréciez notre site :
aidez-nous à en maintenir la gratuité.
Soutenez-nous, abonnez-vous.

Le 22 mars, l’état d’urgence a été décrété en Equateur, qui vit au rythme d’importantes manifestations contre le traité de libre-échange commercial envisagé avec les Etats-Unis. Dans les bananeraies, où ils sont exploités sans merci, les Equatoriens connaissent déjà les effets de la mondialisation. Sa généralisation n’améliorera pas forcément leur sort, et provoquera en même temps des dégâts du côté européen – en particulier dans les départements d’outre-mer français.

 

Par Philippe Revelli
Journaliste. Dernier ouvrage paru : Une légère différence, préface d’Albert Jacquard, texte d’Eric Gouwy, éditions Alternatives, Paris, 2004.




Entre Santo Domingo et Machala, sur les terres fertiles situées au pied des Andes équatoriennes, les bananeraies s’étirent des deux côtés de la route. Des panneaux portant le nom de l’hacienda – Maria Elisa, La Julia, Norma Gisela – et la guérite d’un garde armé marquent l’entrée des plantations. Parfois, volant en rase-mottes, surgit une avionnette qui laisse dans son sillage un nuage blanc de pesticides...

Avec une moyenne de 4,3 millions de tonnes de bananes vendues par an au cours des cinq dernières années, l’Equateur se classe au premier rang des pays exportateurs de ce fruit, pourvoyant à lui seul 25 % du marché mondial. Cent quatre-vingt mille hectares de plantations, deux cent cinquante mille emplois (14 % de la population active si l’on prend en compte les emplois induits). A la différence de la situation qui règne dans les autres pays producteurs de « bananes dollars » (1), où les trois grandes multinationales qui dominent le secteur (Dole, Chiquita Brands et Del Monte) possèdent leurs propres cultures, les fruits équatoriens proviennent essentiellement de quelque six mille producteurs nationaux.

Numéro un mondial de l’agro-industrie, Dole a passé contrat avec un grand nombre d’entre eux et assure approximativement le quart des exportations de bananes du pays (2). Moins cependant que la compagnie Bananera Noboa, qui commercialise ses fruits sous la marque Bonita, et exporte près de la moitié des bananes équatoriennes. Propriété de M. Alvaro Noboa, une des plus grosses fortunes d’Amérique latine et candidat à la prochaine élection présidentielle, la compagnie est la bête noire des petits et moyens producteurs : « Ce sont des bandits ! », affirme M. Gustavo Pesantez, président de l’Association des producteurs de bananes de Los Ríos (Aproban) : « pour nous contraindre à leur vendre nos fruits, ils ont intenté des procès à neuf cents d’entre nous et menacent de nous prendre nos terres. »

En procès lui aussi avec Bananera Noboa, M. Enrique Feijoo, propriétaire d’une plantation de trente hectares, raconte : « Le contrat signé avec Noboa stipulait que mes fruits étaient vendus à 3,20 dollars par caisse, le prix officiel. En réalité, le paiement s’effectuait dans une agence de Banco del Litoral [propriété du groupe Noboa] qui me réglait en liquide. Je devais alors reverser 0,80 dollar par caisse à la banque, sans aucun justificatif, et Noboa pouvait dénoncer le contrat à tout moment. A présent, c’est moi qui ne veux plus vendre... alors il m’intente un procès ! » Bananera Noboa a été condamnée à plusieurs reprises pour évasion fiscale ou infractions à la législation commerciale, et tous les exportateurs n’ont pas une attitude aussi brutale. Majoritairement, ils s’opposent pourtant aux tentatives de régulation de ce secteur par l’Etat et imposent des prix ridiculement bas aux producteurs, laissant à ceux-ci la tâche de gérer les conflits sociaux occasionnés par les salaires de misère et les dures conditions de travail en vigueur dans les bananeraies.

Hacienda Ipanema (province de Los Ríos). Il est près de midi, l’heure de la pause repas pour les équipes de coupe. Dans la bananeraie règne une chaleur de serre. « Les journées de travail se prolongent jusqu’à ce que la commande soit partie, explique l’un des travailleurs, c’est-à-dire fréquemment au-delà des douze heures. Le salaire ? Il varie de 30 à 70 dollars par semaine selon les postes (3). Non, les vêtements de travail et les outils ne sont pas fournis par l’entreprise. Et les frais de transport restent à notre charge. » Cette situation existe dans la majorité des plantations. Les heures supplémentaires sont rarement rémunérées et, selon la Fédération nationale des travailleurs agro-industriels, paysans et indigènes libres de l’Equateur (Fenacle), seule organisation syndicale présente dans ce secteur, 90 % des entreprises n’affilient pas leurs ouvriers à l’IESS (sécurité sociale), la part salariale des cotisations étant, en revanche, décomptée des salaires et jamais reversée.

Les sanctions arbitraires – amendes, licenciements non motivés – sont monnaie courante, et la précarisation de l’emploi est aggravée par le recours à la sous-traitance : « D’un mois sur l’autre, explique un ouvrier passé par de multiples employeurs, un travailleur peut être embauché par différentes sociétés d’intérim tout en continuant à travailler pour la même hacienda et au même poste. C’est un tour de passe-passe destiné à lui faire perdre son droit à l’ancienneté. » L’exposition des ouvriers aux produits chimiques, massivement employés, fait aussi l’objet de dénonciations répétées : « Des substances toxiques sont utilisées sans protection adéquate et, raconte M. Alfredo Rosalbal, de la petite exploitation El Zapote, durant toute ma carrière, je n’ai connu qu’une entreprise qui fasse sortir les travailleurs de la plantation pendant les fumigations aériennes. »

En 2002, en réaction à un rapport de l’association humanitaire Human Rights Watch (HRW) (4), le congrès américain avait fait de l’éradication du travail des enfants dans les bananeraies un préalable à l’ouverture de négociations sur le traité de libre commerce (TLC) – dont la prochaine signature, sans autre forme de procès, provoque de très fortes mobilisations populaires. Pourtant, quand HRW estime que peu de choses ont changé, M. Eduardo Ledesma, directeur de l’Association des exportateurs de bananes de l’Equateur (AEBE), s’insurge : la loi équatorienne n’autorise-t-elle pas le travail des mineurs à partir de 15 ans ?

A Guayaquil, les 22 et 23 janvier 2006, et à l’invitation de l’AEBE, le gratin des exportateurs et des producteurs de bananes se réunit dans les salons de l’hôtel Sheraton pour débattre des « nouveaux défis du marché bananier ». Entre deux tables rondes dédiées à l’analyse des marchés et à la productivité, une matinée est consacrée aux « acquis sociaux de l’industrie bananière ». Mandatés par les principaux producteurs, les intervenants se congratulent les uns les autres : « Trois dispensaires et une unité médicale mobile de santé offrent des prestations gratuites aux salariés de la compagnie », annonce la chargée de communication de Dole. « Dix écoles créées et vingt et une autres soutenues par notre fondation », surenchérit le porte-parole de la société Reybanpac, précisant au passage : « malgré l’opposition du syndicat enseignant, qui dénonçait une privatisation de l’éducation. » Mme Alexandra Moncada, représentante du projet Soy (5), fait état d’avancées encourageantes dans le domaine de l’éradication du travail des enfants.

Chasse aux sorcières syndicales

Fausse note dans ce concert de louanges, M. Joaquin Orrantia, intervenant au nom des producteurs, reconnaît avec une franchise brutale que la monoculture bananière a un impact négatif sur l’environnement. Mais la faute en est aux exportateurs, se défend-il, qui imposent des prix insuffisants pour mettre en œuvre les mesures environnementales nécessaires. La table ronde se clôt cependant sur une note optimiste, M. Ledesma présentant les projets sociaux de l’AEBE et annonçant que l’organisation patronale envisage de créer un championnat de football interprovincial des entreprises bananières ! La question des salaires ne sera, quant à elle, jamais évoquée – sinon pour souligner que toute augmentation nuirait à la compétitivité –, et aucun représentant des travailleurs ne prendra la parole.

A l’hacienda Josefa, les « extrémistes » de la Fenacle limitent leurs revendications à réclamer l’application du code du travail : paiement des charges sociales et respect du droit à s’organiser syndicalement. C’est encore trop pour le propriétaire de cette plantation produisant pour Dole et qui, suivant les suggestions d’un technicien de la multinationale, décide, en janvier dernier, de licencier dix ouvriers, dont quatre dirigeants de la jeune section syndicale. La grève est votée ; les quatre-vingt-cinq salariés qui occupent l’entreprise accrochent leurs hamacs sous l’auvent de l’atelier de conditionnement des fruits. L’occupation dure depuis près d’un mois quand, le 11 février 2006, la police intervient pour déloger les grévistes. A l’officier de police, venu en compagnie du propriétaire de la plantation, ceux-ci demandent à voir l’ordre d’expulsion signé par un juge. Refus du fonctionnaire. Et pour cause : la décision a été prise en toute illégalité, pour complaire à un propriétaire qui saura, le moment venu, se montrer reconnaissant (6).

Si l’affrontement est, cette fois, évité – les travailleurs acceptant de se retirer dans le calme –, il n’en va pas toujours ainsi. « En 2002, lors du conflit de Los Alamos, rappelle M. Guillermo Touma, président de la Fenacle, l’intervention des forces de police, appuyées par deux cents pistoleros à la solde de Noboa, a été d’une extrême violence, faisant un mort et plusieurs blessés, dont l’un avait dû être amputé d’une jambe. » Le conflit avait pourtant débouché sur certains aménagements – les principales compagnies acceptant désormais de régler les prestations sociales de leurs salariés permanents – et marqué la résurgence du mouvement syndical dans les bananeraies : « Nous sommes aujourd’hui organisés dans vingt-deux plantations, explique M. Touma, dont sept disposent d’une section syndicale légalement enregistrée. »

Toutefois, la chasse aux sorcières syndicales se poursuit, et le recours aux sociétés d’intérim constitue une arme de plus en plus utilisée. Le code du travail équatorien impose en effet un minimum de trente affiliés pour pouvoir constituer un syndicat d’entreprise, et l’embauche des salariés par l’intermédiaire de plusieurs sociétés d’intérim interdit d’atteindre ce quota. « Il s’agit le plus souvent de sociétés fantômes, précise M. Touma, dont plusieurs dizaines peuvent être regroupées dans une même officine, avec un même numéro de téléphone, et qui, lorsque vous appelez répondent : “Bananera Noboa, j’écoute ...”  (7) »

En dépit des stratégies antisyndicales du patronat, les conflits se multiplient dans les plantations – El Sapote, Josefa, San Luis, Maria Elisa, El Tesoro, Maravilla... – mais demeurent isolés, la Fenacle préférant négocier au coup par coup plutôt que de chercher à élargir et radicaliser le mouvement. Elle attend en revanche beaucoup de ses appuis internationaux : « Lors des événements de Los Alamos, les dénonciations d’organisations comme la Coordination des syndicats bananiers d’Amérique latine [Colsiba], l’Organisation régionale interaméricaine des travailleurs [CIOSL-ORIT], l’US-LEAP ou Banana Link (8), ont donné à ce conflit un écho international et, estime M. Touma, les campagnes d’information sur les activités de multinationales comme Chiquita ou Dole constituent un appui inappréciable à nos luttes. »

En Europe, une taxe unique de 176 euros par tonne a remplacé, en janvier 2006, le précédent système de quotas et de certifications qui régulait tant bien que mal l’accès des bananes au marché communautaire. « Il est probable que la nouvelle réglementation européenne se traduira d’abord par une pression accrue sur les salaires estime Mme Maude Feral, de l’organisation non gouvernementale Peuples solidaires. Les grandes multinationales de l’agro-industrie et les supermarchés jouant un rôle déterminant dans les conditions de travail imposées aux salariés de l’industrie bananière, c’est sur eux, en Europe ou aux Etats-Unis, qu’il faut faire pression. »


 

Publié dans THÉORIE - PRAXIS

Pour être informé des derniers articles, inscrivez vous :
Commenter cet article